Pode ser considerado um mestre da melopeia, que seria o poema no qual o elemento predominante é a música verbal, o aspecto rítmico-sonoro, a melodia da palavra
O poeta simbolista brasileiro Alphonsus de Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães, pode ser considerado um mestre da melopeia, que segundo o poeta e teórico americano Ezra Pound seria o poema no qual o elemento predominante é a música verbal, o aspecto rítmico-sonoro, a melodia da palavra. Foi o ouvido musical, por assim dizer, que fez de Guimaraens um virtuoso do enjambement, isto é, do transbordamento rítmico de um verso para o verso seguinte, emendando, por assim dizer, todo o poema numa mesma unidade sonora. Além disso, permitiu que o poeta fosse além do formalismo literário de sua época, que quase restringia a arte poética à elaboração de sonetos. Não que Alphonsus de Guimaraens não tenha feito sonetos: os fez, e muito bem. Mas não se limitou a eles e antecipou, em várias obras, os procedimentos modernistas. É deste naipe um dos seus mais famosos poemas, se não for o mais famoso: Ismália, na verdade um velado auto-retrato, uma visão do poeta como ser cindido entre a realidade transcendente e a contingência da vida terrena, isto é, da morte. Vamos ouvi-lo a seguir.
Alphonsus de Guimaraens
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
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