Alda Lara não teve como amadurecer a escrita, devido a morte precoce antes de completar 32 anos.
O limite da poesia da angolana Alda Lara situa-se em sua morte antes de completar 32 anos. Ela não teve como amadurecer a escrita, o que foi uma pena, já que o fato da poeta ser recordada como ótima declamadora, insinua a suspeita de um sensível ouvido rítmico. Suspeita reforçada pelos seus melhores versos, como os de Ronda, que já lemos aqui, ou de As belas meninas pardas. Quando, porém, os temas datados tomam a primazia, como é comum acontecer na juventude com artistas ainda imaturos, a virtude poética foge e aparecem pseudo poesias, caso de Rumo, por exemplo. Mas, do jovem talento de Alda Lara nem tudo se perdeu; ficaram pouco versos como promessas de um futuro que a morte precoce vetou. Alguns deles encontram-se nos chamados Poemas que eu escrevi na areia, dos quais ouviremos agora a parte II. A palavra bergantim que aparece no começo do poema refere-se a um tipo de barco ligeiro antigo, de um ou dois mastros, com velas latinas, isto é, redondas e cerca de trinta remos.
Alda Lara
Poemas que eu escrevi na areia – parte II
Meu bergantim foi-se ao mar...
Foi-se ao mar e não voltou,
que numa praia distante,
meu bergantim se afundou...
Meu bergantim foi-se ao mar!
levava beijos nas velas,
e nas arcas, ilusões,
que só a mim me ofereci...
Levava à popa, esculpido,
o perfil, leve e discreto,
daqueles que um dia perdi.
Levava mastros pintados,
bandeiras de todo o mundo,
e soldadinhos de chumbo
na coberta, perfilados.
Foi-se ao mar meu bergantim,
Foi-se ao mar... nunca voltou!
E por sete luas cheias
No areal se chorou...
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