O gosto pela ironia de Alda Lara está presente no poema a seguir
No poema que leremos a seguir, da angolana Alda Lara, aflora um sabor incomum em seus versos: o gosto pela ironia. Ao retratar moças pobres de seu país, a poeta roça com delicadeza afiada o quieto conformismo das jovens educadas em valores impostos e contidas nos limites de expectativas morais alheias à África e suas gentes. O tom é, ao mesmo tempo, elegante e irônico, um fino modo de trazer à luz as misérias do colonialismo. Ouçamos, de Alda Lara, os versos de As Belas Meninas Pardas.
Alda Lara
As Belas Meninas Pardas
As belas meninas pardas
são belas como as demais.
Iguais por serem meninas,
pardas por serem iguais.
Olham com olhos no chão.
Falam com falas macias.
Não são alegres nem tristes.
São apenas como são
todos os dias.
E as belas meninas pardas,
estudam muito, muitos anos.
Só estudam muito. Mais nada.
Que o resto, trás desenganos
Sabem muito escolarmente.
Sabem pouco humanamente.
Nos passeios de domingo,
andam sempre bem trajadas.
Direitinhas. Aprumadas.
Não conhecem o sabor que tem uma gargalhada
(Parece mal rir na rua!...)
E nunca viram a lua,
debruçada sobre o rio,
às duas da madrugada.
Sabem muito escolarmente.
Sabem pouco humanamente.
E desejam, sobretudo, um casamento decente...
O mais, são histórias perdidas...
Pois que importam outras vidas?...
outras raças?... , outros mundo?...
que importam outras meninas,
felizes, ou desgraçadas?!...
As belas meninas pardas,
dão boas mães de família,
e merecem ser estimadas...
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