Calderón de La Barca (1600 – 1681)
Para fechar as leituras de versos do dramaturgo, soldado e poeta espanhol Pedro Calderón de La Barca teremos um soneto extraído do seu auto sacramental mais famoso, “El Gran Teatro del Mundo”, isto é, O Grande Teatro do Mundo, que se relaciona com o tema da célebre comédia A Vida é Sonho. Pois onírico ou cênico, o mundo e suas circunstâncias são apresentados como uma ficção, onde cada ser faz um papel semelhante ao de um personagem teatral. O dramaturgo e diretor do espetáculo, Deus, distribui os papéis. Aos atores, como disse outro poeta daquele “Siglo de Oro” da literatura castelhana, Francisco de Quevedo, somente cabe “hacer con perfección el personage”. Esta ideia pode ser rastreada desde a mais remota antiguidade, nos filósofos pitagóricos e em Platão, nas cartas de Sêneca, numa obra de Epícteto, e entre os primeiros autores cristãos. A ideia do “theatrum mundi” voltou a difundir-se no Renascimento, penetrou na península ibérica e ali encontrou eco na voz de Calderón de La Barca. O soneto que ouviremos a seguir faz parte da “Jornada Um” da peça, isto é, da primeira parte do espetáculo. Um rei pede aos céus sabedoria para a impossível tarefa de governar a todos. A tradução é deste apresentador.
Calderón de La Barca
de “O Grande Teatro do Mundo” tradução de Fabio Malavoglia
Jornada I, El Rey
Viendo estoy mis imperios dilatados, mi majestad mi gloria, mi grandeza, en cuya variedad naturaleza perfeccionó de espacios sus cuidados. Alcázares poseo levantados, mi vasalla ha nacido la belleza. La humildad de unos, de otros la riqueza, triunfo son al arbitrio de los hados. Para regir tan desigual, tan fuerte monstruo de muchos cuellos, me concedan los cielos atenciones más felices. Ciencia me den con que a regir acierte, que es imposible que domarse puedan con un yugo no más tantas cervices.
Jornada I, O Rei
Vendo estou meus domínios dilatados, na majestade, na glória e na grandeza, e em cuja variedade a natureza dispensou a perfeição de seus cuidados. Tenho palácios fortes levantados, nasceu vassala minha até a beleza. Humildade a uns, a outros a riqueza, Triunfos são ao arbítrio dos fados. Para reger tão desigual, forte e solerte monstro de mil fauces, me conceda o céu atenção feliz que me esclareça. Ciência me dê com que reger acerte, pois é impossível que a domar aceda de um só jugo a tão inúmeras cabeças.
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar
Com curadoria de Joca Reiners Terron, o objetivo é criar narrativas orais de modo itinerante
A exposição conta com Mais de 1600 sobrenomes de descendentes de imigrantes, que foram captados em uma ação interativa em 2019
A cantora e compositora Ceumar realiza show para celebrar o lançamento do disco e os 20 anos de carreira
"DOC.malcriadas", criada e dirigida por Lee Taylor, estreia nesta sexta-feira no Teatro João Caetano. Confira entrevista completa
Na capital paulista, existem diversos desfiles e blocos para aproveitar o feriado
A mudança acontece por conta da junção da galeria com o b_arco Centro Cultural, e conta com a curadoria de Renato De Cara