Em julho, você vai reouvir as obras-primas de Felix Mendelssohn Bartholdy em performances exclusivas da Cultura FM, além de descobrir novos ângulos de sua extraordinária criatividade
Nenhum compositor teve uma história póstuma tão rica, diversificada e contraditória quanto Felix Mendelssohn Bartholdy. Nos últimos 167 anos, como diz Larry Todd no mais recente estudo exaustivo sobre sua vida e obra, de 2005, "a história redescobriu Mendelssohn inúmeras vezes, sempre com resultados radicalmente diferentes". Logo depois de sua morte, o virulento ataque de Richard Wagner no livrinho publicado em 1850 com o título de O judaísmo na música, deu o tom de um perverso enfoque que visava desqualificá-lo a partir de sua condição de judeu e desembocou, na primeira metade do século 20, na tentativa de eliminação de sua música pelo Terceiro Reich.
A segunda estocada foi mais sutil. Expressa pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, enquadrou-o como um mero "belo incidente" da música, situado entre Beethoven e Brahms. A palavra alemã usada por Nietzsche também pode ser traduzida como "interlúdio". Esta interpretação, repetida à exaustão por críticos do porte de um George Bernard Shaw nas décadas finais do século 19, cristalizou a imagem de Mendelssohn como apenas um bom compositor. Nas entrelinhas, lê-se: dispensável, supérfluo. Qualificaram suas melodias de "efeminadas" até, por causa da elegância e refinamento de suas obras.
Por tudo isso, no último século e meio, ele é encarado sempre como compositor menor, um romântico de placidez clássica; ou então um criador preso demais às convenções clássicas, que timidamente roçou um romantismo em seu tempo já totalmente escancarado nas obras de seus contemporâneos como Robert Schumann e Frédéric Chopin. Em suma, é visto como o clássico dos compositores românticos e o romântico entre os clássicos. Ou seja, nem uma coisa, nem outra.
Somente nas últimas três décadas os pesquisadores e o mundo musical começaram a corrigir estas distorções, que vigoraram até os anos 70 do século passado. Os minuciosos trabalhos de musicólogos hoje atuantes – como Larry Todd e Clive Brown nos Estados Unidos, e na França Brigitte François-Sappey e Philippe Olivier, todos publicados nos últimos anos – nos ajudam a construir um retrato mais fiel do homem e do compositor Felix Mendelssohn.
Afinal, segundo o musicólogo Alfred Einstein, "sua produção é equilibrada porque nele o clássico tolera o romântico, e o romântico não destrói o clássico".
A primeira delas é a do menino-prodígio nascido em berço de ouro. De fato, seu pai era banqueiro, e ele jamais teve problema financeiro algum. Aos 12 anos já computava doze sinfonias de cordas em sua produção. Apresentava-se com a irmã e alma gêmea Fanny nos concertos matinais dos domingos no imenso salão do palácio onde a família Mendelssohn morava, em Berlim. Embora de família judaica, o pai Abrahm levou sua esposa e prole a converterem-se ao luteranismo – prevendo que desse modo não teriam nenhum problema de convivência na sociedade.
Além disso, o menino Felix teve os melhores preceptores. Para se ter uma idéia, estudou filosofia e estética com o grande filósofo Hegel; e com outros preceptores outras matérias, como grego, latim, francês, inglês, italiano, literatura, poética, pintura (era considerado, em vida, tão bom pintor quanto músico). Teve, enfim, uma formação completíssima. No domínio musical propriamente dito, foi um dos maiores pianistas de seu tempo; excepcional organista (dizem que o maior do século 19), o mais famoso maestro de sua época, um dos primeiros a sistematizar a técnica de ensaios com orquestra e o pioneiro na adoção da batuta como instrumento de trabalho do regente no pódio.
Fundou um dos primeiros conservatórios de ensino musical da Europa, o de Leipzig, em 1843; foi decisivo como diretor musical e maestro da Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, onde executou, além de sua música, muitas estréias de música nova. Como, por exemplo, a "Sinfonia no. 9" de Schubert, apelidada de "A Grande", em 1839 (a obra, até então inédita, foi descoberta naquele ano por Schumann numa viagem a Viena).
Não foi por acaso que Robert Schumann, dublê de crítico musical e compositor seu contemporâneo, chamou-o de "o Mozart do século 19". É este o compositor deste mês de julho. Durante 30 dias, de segunda a sexta-feira, de manhã no RadioMetrópolis e à tarde no Tarde Cultura, você vai reouvir as suas obras-primas em performances exclusivas da Cultura FM. E também descobrirá outras obras, não tão conhecidas, que mostram novos ângulos da extraordinária criatividade de Mendelssohn.
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