Aluno de Chopin, fincou as bases da música popular norte-americana
O compositor deste mês na Cultura FM foi o primeiro nascido nos Estados Unidos a deixar uma marca na tradição europeia da música clássica, segundo Richard Taruskin em sua monumental história da música. Sua carreira começou como a de Chopin, mas depois derivou devido a sua incapacidade de conquistar prestígio social no velho continente.
Louis Moreau Gottschalk é velho conhecido dos brasileiros por causa de sua Grande Fantasia Triunfal sobre o nosso hino nacional e também porque viveu no Rio de Janeiro seus últimos sete meses de vida: aqui chegou em 3 de maio de 1869. Aqui morreu em 18 de dezembro daquele mesmo ano. A peça vibrante popularizou-se rapidamente.
Uma popularidade que ainda hoje é marcante ao menos por uma razão: virou uma espécie de talismã para Guiomar Novaes. Ela fez questão de incluí-la nos extras de seus recitais e concertos. Existem muitas versões de suas performances da Fantasia sobre o nosso hino.
Gottschalk nasceu em 8 de maio de 1829 em New Orleans, de pai inglês e mãe cantora lírica. Esta, por sua vez, era filha de uma mulata de pais franceses nascida no Haiti que foi para a Louisiana fugindo da revolta dos escravos de 1790 naquele país centro-americano.
Sua família blindou Gottschalk do esfuziante caldeirão musical que o rodeava, em New Orleans. Deu-lhe uma educação tipicamente europeia. Aos 13 anos foi mandado a Paris para estudar piano. Seus talentos muito precoces o levaram a tocar, com 15 anos, em Paris, o concerto em mi menor de Chopin tendo na plateia o próprio compositor que lhe teria afirmado: “Você será o rei dos pianistas”. Ao menos foi o que ele tratou de espalhar dali em diante a vida inteira.
Três grandes pianistas dominavam a cena parisiense naquele momento: o recluso Frédéric Chopin, o germânico Sigismond Thalberg e o virtuose esfuziante Franz Liszt. Gottschalk considerava Thalberg o melhor deles, mas acabou seguindo os passos de Liszt pelo resto da vida. Em poucas palavras: voltou aos Estados Unidos, conquistou prestígio como pianista – basicamente um especialista na música de salão, mais leve.
Não é errado afirmar que Gottschalk colocou as bases da música popular norte-americana com uma vasta produção para piano que, como o dos pianeiros brasileiros posteriores, tinha raízes eruditas mas também os pés na riqueza das músicas populares das Américas.
Dívidas o levaram a se tornar um músico nômade. Viajou pelas Américas intensivamente a partir de 1853. Foi bater com os costados no Brasil em 1869, depois de passar por Equador, Bolívia, Peru, Buenos Aires e Montevidéu. Ao longo deste mês, teremos mais detalhes de suas andanças e ouviremos músicas muito conhecidas e outras nem tanto.
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