Capaz de brilhar na música de concerto, na Broadway e no cinema
Kurt Weill, o compositor deste mês na Cultura FM, foi provavelmente a personalidade artística mais eclética do século 20. Nasceu em 2 de março de 1900 em Dessau, na Alemanha. Filho de cantor, foi criança-prodígio: aos 12 anos já compunha concertos e peças dramáticas. Estudou composição com Engelbert Humperdinck em Berlim, mas insatisfeito inscreveu-se e foi aceito como aluno de Ferruccio Busoni.
Neste período, Weill ganhava a vida tocando órgão numa sinagoga e dando aulas de teoria musical – um de seus alunos foi o então recém-chegado do chile Claudio Arrau.
Tudo indicava que ele faria uma carreira na linhagem de Busoni. Compôs um concerto para violino, uma sinfonia, música de câmara. Mas, e corria o ano de 1919, ele se apaixonou pelo teatro musical: “Quando fiz 19 anos”, relembrou quando trabalhava em 1946 no musical da Broadway Street Scene, “tomei consciência de que meu campo especial de atividade seria o teatro. Nestes anos todos, tentei continuamente resolver, da minha maneira, todos os problemas do teatro musical – e através desses anos todos, repito, eu os abordei de todos os ângulos diferentes possíveis”.
Até 1926, Weill testou-se no terreno lírico, onde estreou em 1926 com “O Protagonista”, ópera em um ato. Mas o ano-chave de sua vida foi 1927, quando o Festival de Baden Baden encomendou-lhe Mahagonny, sua primeira colaboração com o dramaturgo Bertolt Brecht.
O enorme sucesso fez desta parceria um dos momentos mais notáveis do teatro musical no século 20. Quem não conhece a Ópera dos Três Vinténs ou Happy End? Teatro musical político da melhor qualidade.
Mas a República de Weimar deixou de existir em 1933, quando Hitler chegou ao poder na Alemanha. E Weill embarcou para Paris, onde compôs uma segunda sinfonia e algumas canções de cabaré.
Foi praticamente um pit-stop, porque dois anos depois, em setembro de 1935, Weill embarcou de novo, desta vez para os Estados Unidos e levando a tiracolo sua mulher, a maravilhosa cantora Lotte Lenya.
Em seus quinze anos restantes de vida, Weill tornou-se figura-chave do teatro musical norte-americano. Conquistou a Broadway com vários musicais, como “Lady in the Dark”, e foi parceiro do letrista Ira Gershwin. Na prática, substituiu o irmão deste, o genial George, que morreu em 1937. Fez trilhas de cinema, incluindo “You and Me”, de Fritz lang, em 1938.
Nos anos 40, Weill firmou-se de vez como o grande nome do musical... na terra dos musicais. A primeira canção que emplacou foi “September Song”. No musical “Lady in the Dark”, fez parceria com Ira Gershwin, e lá brilhou até “Lost in the Stars”.
Morreu em 5 de abril de 1950.
Weill foi um perfeito camaleão. Quando chegou à França, em 1933, por exemplo, passou a só falar francês. Quando chegou aos Estados Unidos, em 1935, passou a só falar e compor em inglês. Com Brecht ou Ira Gershwin, em alemão, francês ou inglês, Weill sentia-se sempre musicalmente à vontade. Foi o primeiro compositor a não fazer diferença entre música clássica e música popular. Uma frase sua foi muito repetida: “Só existem dois tipos de música: a boa e a ruim”.
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