Muitos já se foram, mas cada vez mais São Paulo é a meca da gastronomia.
Os jornais noticiaram recentemente que fechou o restaurante Capuano, no Bexiga. Era o mais antigo de São Paulo funcionando ininterruptamente desde 1907. Não foi o único. Muitos velhos estabelecimentos foram fechando nos últimos anos, principalmente em função da decadência da área central da cidade, onde quase todos os restaurantes antigos funcionavam.
Fecharam a Cantina Balilla, que ficava na Rua do Gasômetro e era reduto da colônia italiana, e reuniu num determinado momento, os admiradores de Mussolini, pois Balilla era o nome da organização da juventude fascista. O Parreirinha, da Praça Júlio Mesquita, onde batia ponto todas as noites a nossa Inezita Barroso, o Gigetto da Rua Avanhandava, outro reduto de artistas, onde durante muitos anos Plinio Marcos jantou praticamente todos os dias. De graça, é claro. Fechou o Carlino, da Avenida Vieira de Carvalho que foi por décadas o mais antigo da cidade. Fundado em 1881 no Largo do Paissandu e especializado em comida toscana, esse teve mais sorte que os seus irmãos e voltou a funcionar, agora na Vila Buarque. A lista dos velhos restaurantes seria infinita e infelizmente, ao contrario do que acontece em outras grandes capitais do mundo, a maioria deles já não existe.
Muita gente pergunta quando surgiu o primeiro restaurante de São Paulo. É difícil dizer. Ao longo de toda a sua história sempre houve na cidade ou nas entradas dela, estalagens que serviam para abrigar e alimentar os animais de transporte e também serviam comida para os viajantes. Mas era coisa para gente rude que vivia nas estradas, tropeiros e comerciantes. Estava muito longe de constituir o embrião de um hábito elegante.
O primeiro registro conhecido de um local que funcionava sob a denominação de “Restaurant” se deve a dois estabelecimentos registrados num almanaque de 1852 e que pertenciam aos franceses, Charles e Fontaine que pelo visto concorriam entre si. Mas a clientela deveria ser reduzida, porque ninguém de boa família seria visto comendo num estabelecimento público. O hábito das famílias frequentarem as confeitarias e leiterias só se estabeleceu no inicio do século XX. Dai aos restaurantes se passou um longo tempo. Mas aos poucos com o crescimento da cidade eles foram se multiplicando em cantinas, pizzarias, restaurantes franceses e depois de todas as nacionalidades.
Hoje São Paulo é considerada por todos uma importante capital gastronômica. Isso sem duvida é verdade, mas seria bom se ela também soubesse preservar os velhos restaurantes!
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