Na época em que as pessoas andavam a pé pela cidade, os cafés eram parada obrigatória.
Antes da cidade se transformar em uma megalópole e as pessoas se acostumarem a circular de carro por todos os lugares, os cafés eram ponto de encontro obrigatório para os paulistanos que andavam a pé pelo centro. Por mais de cem anos foi nos cafés centrais que todos se encontravam.
Mas o café nem sempre foi um hábito na cidade. Até a primeira metade do século 19, a bebida favorita dos paulistanos era o chá. Não é à toa que o viaduto do Chá tem esse nome pois ele ligava a área central da cidade ao morro do Chá, onde o tenente-general José Arouche de Toledo Rendon, mantinha uma próspera plantação. Também a fazenda Morumby, que dá nome ao bairro, era dedicada ao cultivo de chá. Foi só a partir da década de 1860 que se tem notícia dos primeiros estabelecimentos públicos que serviam café em São Paulo.
Um dos mais conhecidos e muito citado pelos cronistas da época era o Café de Maria Punga, que ficava numa travessa do Páteo do Colégio, ponto de estudantes do Largo de São Francisco. Com o crescimento da cidade, que passou de 30 mil habitantes, em 1872 para 240 mil em 1900, os estabelecimentos se multiplicaram e até as mulheres começaram a frequentá-los, atraídas pelos sorvetes, novidade que surgiu nos cafés.
Ficaram famosos o Café Brandão, na esquina da São João com a rua São Bento, O Guarany, da rua 15 de novembro, que era dos mais luxuosos e atraia políticos e jornalistas e muitos outros. Alguns duraram muito, como o Guanabara, da rua Boa Vista, que foi frequentado por Santos Dumont e se manteve intacto até os anos 70, quando foi demolido para dar lugar ao Metrô.
No entanto o exemplo mais curioso de café paulistano é o da Casa Levy. Consta que foi o primeiro café da cidade, fundado por Henrique Louis Levy, francês que se instalou por aqui, vindo de Campinas em 1860. Ficava na rua da Imperatriz, atual 15 de Novembro e além de café, vendia “músicas”, provavelmente partituras impressas. Amigo de Carlos Gomes e pai do compositor Alexandre Levy, a Casa acabou se especializando na edição musical e posteriormente em pianos. Abandonou logo o serviço de café, mas por incrível que pareça, sobrevive até hoje no comércio, aluguel e reforma de pianos, na Vila Madalena.
Com certeza é um dos mais antigos estabelecimentos comerciais em São Paulo ainda em funcionamento. Lembrança de uma cidade pacata, onde música e café andavam juntos.
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