O compositor Pietro Mascagni e o tenor Beniamino Gigli se apresentaram no Brás.
A vida cultural de São Paulo sempre foi intensa. Ou melhor, desde o final do século 19, quando a cidade cresceu e dezenas de milhares de imigrantes de todos os cantos do mundo se instalaram por aqui, a atividade cultural floresceu e nos palcos dos seus inúmeros teatros, as maiores estrelas do mundo se apresentaram.
Nos anos 10 e 20 São Paulo já era um centro importante e reconhecido que atraia espetáculos vindos diretamente da Europa ou que faziam antes escala em Nova York. O centro dessa grande agitação era o Theatro Municipal que a partir de 1911 acolhia a elite paulistana.
Mas além da elite, a cidade que rapidamente caminhava para atingir 500 mil habitantes e era, portanto, uma metrópole, abrigava uma multidão de aficcionados pela música, pelo teatro e pela dança, que não podiam pagar os preços elevados do Municipal. Para estes havia uma infinidade de casas de espetáculos, pequenas e grandes que se espalhavam pelo Centro e por alguns bairros de São Paulo. São representantes dessa época o Theatro São Pedro, o único ainda em atividade, o Oberdã no Brás, o Sant’Ana na rua Boa vista, o São José onde hoje está o Shopping Light e muitos outros.
Mas o mais importante deles, sem dúvida, foi o Theatro Colombo, no Largo da Concórdia. Era um enorme edifício, com 2.000 lugares na plateia e durante muito tempo foi o centro cultural dos italianos que viviam no Brás e adoravam ópera. Inaugurado em 1908, logo se transformou numa espécie de Municipal mais popular e mais barato. Sua acústica, considerada melhor que a do irmão rico, ajudava a atrair os melhores artistas em temporadas populares. Seu grande momento coincidiu com a inauguração do Municipal. A companha de Pietro Mascagni, que veio para a inauguração e aguardava a obra ficar pronta, estreou no Colombo, uma ópera inédita por aqui, regida pelo próprio compositor. Para marcar o acontecimento foi até afixada na entrada uma placa comemorativa.
O Theatro Colombo viveu muitos outros dias de glória e até Beniamino Gigli se apresentou ali várias vezes. Diz a lenda, que após os espetáculos o tenor ia comer pizza na Cantina Castelões que ainda existe na rua do Gasômetro, e lá cantava junto com os clientes e garçons.
Como muitos outros locais de São Paulo, o teatro entrou em decadência junto com o seu entorno e pegou fogo em 1966. No seu lugar existe hoje um viaduto, e a música, que por tantos anos foi característica daquele trecho da cidade, só sobrevive na história.
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