Um monumento de mármore na Praça da Sé marca o ponto de partida de todas as estradas de São Paulo
Hoje em dia é impossível pensar em São Paulo sem os milhões de carros que entopem todas as vias e infernizam a vida dos paulistanos. No entanto houve época, nem tão distante, em que automóveis eram raridade e chamavam a atenção quando cruzavam as ruas.
Há pouco mais de cem anos ninguém se referia a eles como carros. Carro, até o início dos anos 1920, era o termo usado exclusivamente para os veículos de tração animal. Naquela época era perfeitamente possível apanhar, na praça da Sé, um tílburi, uma pequena carruagem, para dois ou no máximo três passageiros, amplamente usada na cidade como “carro de praça”, ou seja, um taxi.
Mas foi justamente nas décadas de 1910 e 1920 que “os automóveis”, os veículos movidos a motor, foram se multiplicando e passaram a dominar o ainda tranquilo trânsito da cidade. Eram artigo de luxo, é claro, reservado apenas aos mais ricos.
Em 1915 foi inaugurada a sede do Automóvel Club de São Paulo, na rua Líbero Badaró, na esquina com o viaduto. Era um dos salões mais elegantes da cidade, decorado com móveis ingleses, feitos especialmente em Londres, pela Casa Mappin. Reunia a elite mais moderna e os sportsmen, os jovens ricos e esportivos daqueles tempos.
Nos anos 20 um deles, Washington Luiz, se tornou presidente da república e cunhou o lema moderno: “governar é abrir estradas”. Elas começaram a se multiplicar com rapidez, e para que todos os novos automobilistas soubessem onde estavam se erigiu um marco no centro da cidade para servir de referência e ponto de partida de todas as estradas paulistas. É o Marco Zero, instalado desde 1934 na praça da Sé, em frente à Catedral. Até hoje, se você diz que está no km 30 de uma rodovia, quer dizer que você se encontra a exatos 30 km daquele monumento na Praça da Sé. O Marco Zero, construído em mármore e coberto por uma placa de bronze com um mapa das saídas da cidade em 1934 foi um dos símbolos da São Paulo moderna e dinâmica. Motores e velocidade eram signos de mudanças profundas, que todos sentiam. Até a primeira revista dos modernistas paulistas teve como titulo Klaxon, que é como se denominava, naquela época, a buzina dos automóveis. Em francês, naturalmente.
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