Sede do que foi o maior grupo industrial brasileiro, hoje abriga a Prefeitura da cidade.
A Prefeitura de São Paulo já teve muitos endereços. Hoje está instalada no belo prédio de mármore travertino da Rua Líbero Badaró, na esquina com o viaduto do Chá. Mas o Gabinete do Prefeito só se mudou para lá em 2004. E antes disso, quem construiu e ocupou aquele prédio?
O local foi talvez o ponto mais movimentado e cobiçado de São Paulo ao longo de todo o século 20. Era praticamente impossível para um paulistano dessa época não passar por ali pelo menos de vez em quando. Nos anos 60, se dizia que muitas centenas de milhares de pessoas cruzavam o viaduto todos os dias e houve quem arriscasse que eram mais de 1 milhão. Mas não é provável que alguém tenha feito de fato essa contagem. A verdade é que era muita gente.
Nos anos 10 quando ainda existia o velho viaduto, estreito e com estrutura de ferro, foi construído ali o mais elegante hotel de São Paulo, o Grande Hôtel de La Rotisserie Sportsman, que hospedou Isadora Duncan, Pietro Mascagni, Nijinski e Arthur Rubinstein, entre muitos outros artistas que vieram à São Paulo para se apresentar no Theatro Municipal. O hotel era o principal da cidade, mas entrou em decadência a partir de 1923, quando foi inaugurado o Hotel Esplanada, atrás do Municipal, muito maior e mais moderno. Foi alugado pelo jornalista Assis Chateaubriand que instalou no prédio o Diário da Noite, uma das bases do seu império jornalístico. Porém o ponto era muito cobiçado e foi comprado por Francisco Matarazzo em 1933 para que se construísse no terreno, a sede das suas indústrias. Chateaubriand, paraibano e briguento, não quis sair e a briga entre os dois durou até a morte do jornalista. Mas o prédio era de Matarazzo, que conseguiu demoli-lo em 1934 para construir o mais luxuoso edifício de São Paulo, projetado por um dos arquitetos favoritos de Mussolini. Tinha 14 andares e 28 mil metros quadrados e foi todo revestido em mármore italiano. A entrada monumental, possuí até hoje as colunas com altos relevos exaltando o trabalho e a indústria.
Como em São Paulo nada é eterno e o grupo Matarazzo acabou sendo obrigado a vender a sua sede nos anos 70 e mais tarde definhou até quase desaparecer. O prédio passou por varias mãos até ser finalmente incorporado ao patrimônio da cidade e transformado em sede da Prefeitura. Foi muito bem restaurado e mantém muitas das suas características originais, inclusive um incrível jardim com árvores e mais de 400 espécies vegetais na cobertura.
Se você passar por ali, entre para conhecer.
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