A Liberdade, bairro oriental da cidade, já foi palco de enforcamentos e deu origem a devoção pela alma de Chaguinhas.
A Liberdade é o bairro oriental da cidade. Essa espécie de Chinatown paulistana concentra os imigrantes que vieram do Oriente desde os anos 20. Os primeiros japoneses que se instalaram em São Paulo foram se acomodando na rua Conde Sarzedas e dali se espalharam pelo bairro. Mas a Liberdade é um bairro muito mais antigo. Vizinho ao centro histórico, já era ocupado no século 18.
Naquela época existia ali o Cemitério da Glória que foi o primeiro cemitério da cidade. Era destinado aos pobres que não podiam ser enterrados nas igrejas como era o hábito. Aos pobres e aos enforcados porque além do cemitério, subindo a colina, ficava o Largo da Forca.
Não se tem notícia de muitos enforcamentos na São Paulo de antigamente, mas uma execução ficou marcada na história da cidade e sua memória perdura até hoje.
Em 1821 como consequência de uma revolta ocorrida no Primeiro Batalhão de Caçadores em Santos, o líder, cabo Francisco José das Chagas, acabou condenado à morte. O motivo da rebelião foi o atraso no pagamento dos soldos e a sentença, muito dura, repercutiu mal na cidade que conhecia bem o militar, nascido aqui. Em 20 de setembro de 1821 foi marcada a execução. Na primeira tentativa a corda arrebentou e a multidão reunida no largo da Forca exigiu clemência para o condenado, como era o costume. O governo, intransigente, mandou repetir o suplício. Diz a tradição que a corda arrebentou de novo! Apenas na terceira tentativa se consumou a execução sob os protestos unânimes do povo.
Não levou muito tempo e se erigiu uma cruz no local do enforcamento. Logo os paulistanos devotos começaram a acender velas pela alma do Chaguinhas que ganhou fama de fazer milagres. Em 1891 foi construída ali uma capela e se criou uma irmandade. A capela, sempre muito frequentada, foi ampliada nos anos 20 e se transformou na igreja da Santa Cruz dos Enforcados, instalada no mesmo lugar onde existiu a forca, na praça, hoje chamada de Liberdade.
Poucos ainda se lembram da história do Chaguinhas e da devoção que deu origem à igreja. Mas até hoje os paulistanos frequentam o local e nas segundas feiras uma multidão acende milhares de velas ali, pela intenção das almas.
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