A moda muda o tempo todo e em São Paulo não é diferente, mas nem sempre foi assim.
As paulistanas de hoje em dia se vestem como as mulheres de qualquer cidade moderna do mundo. A moda muda o tempo todo e em São Paulo não é diferente.
Mas nem sempre foi assim.
Até bem avançado o século 19, as mulheres de São Paulo, só eram vistas nas ruas, cobertas dos pés à cabeça e usando uma espécie de véu como as muçulmanas. Parece estranho dizer isso hoje em dia, mas as paulistanas até a primeira metade do século 19 nunca mostravam o rosto em público. As mantilhas e as capas de baeta, um tecido de lã, eram requisitos indispensáveis no vestuário feminino e sempre usadas nas ruas pelas mulheres.
Esse hábito veio da península ibérica e foi herdado diretamente dos árabes. Por algum motivo se enraizou em São Paulo e durou muito tempo.
Em 1775 um Governador da Capitania, Martim Lopes Lobo Saldanha, recém-chegado de Lisboa, estranhou o uso e o proibiu. A partir daquela data, as mulheres da cidade deveriam andar com o rosto descoberto até o peito sob pena de multa ou até mesmo prisão.
No entanto o espírito renovador de Lobo Saldanha foi insuficiente para mudar os hábitos arraigados dos paulistanos. Em 1810, outro governador se incomodou com o costume. Enviou carta ao Príncipe Regente, que já se encontrava no Rio de Janeiro, pedindo a interferência do soberano para fazer valer uma proibição que ele mesmo já emitira e que, pelo visto, não vingara. O futuro D. João VI, atendendo ao pedido, lançou uma Ordem Régia na qual frisava que:
“O Príncipe Regente nosso senhor, fica na inteligência de haver Vossa Senhoria proibido solenemente o andarem as mulheres nessa cidade embuçadas em baetas, e ordenou o mesmo senhor que o produto das condenações impostas aos transgressores por semelhante delito Vossa Senhoria o aplique no Hospital dos Lázaros dessa cidade. Deus guarde a Vossa Excelência. Palácio do Rio de Janeiro em 30 de agosto de 1810.“
Tudo inútil.
Nos documentos que o tempo preservou, deixados pelos raros viajantes estrangeiros que visitaram São Paulo, estava sempre presente a descrição detalhada dessas mulheres que se exibiam nas ruas totalmente cobertas.
Nas primeiras fotos da cidade elas podiam ser vistas, nas portas das lojas da pequena vila, com a mantilha sobre o rosto e vestidas de preto.
Até que a cidade fosse invadida pelos imigrantes, os paulistanos mantiveram esses hábitos que vinham da época da colonização.
Depois, bem... depois tudo mudou.
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