Os casos da Rua Libero Badaró, nº. 67, 3º andar, sala 2.
Rua Libero Badaró, nº. 67, 3º andar, sala 2.
Esse era o endereço da garçonnière do escritor Oswald de Andrade, muitas vezes citada nos seus livros e na vasta produção de estudos sobre o modernismo, que viram sempre aquele local e, sobretudo, o diário coletivo que os frequentadores produziram lá, como o marco inicial do que mais tarde se transformou na Semana de Arte Moderna.
Foi entre 1917 e 1918 que ele instalou e manteve a garçonnière da rua Libero Badaró, que ficou famosa e marcou a história da literatura brasileira. Ali, nomes como Menotti del Picchia, Monteiro Lobato, Guilherme de Almeida, Edmundo Amaral, Léo Vaz e muitas outras jovens estrelas do jornalismo e da literatura da São Paulo da Belle Époque, eram visitas constantes. Entre maio e setembro de 1918 o grupo se reunia todas as tardes e entre acaloradas discussões, os frequentadores registravam as suas ideias e opiniões num grande livro, que foi sendo preenchido ao longo dos meses. Esse diário recebeu o nome de “O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo”, e retrata em detalhes o cotidiano desses jovens intelectuais e artistas.
Mas outro motivo que tornou célebre aquele endereço foi o romance que Oswald manteve ali com a jovem normalista Maria de Lourdes, apelidada por eles de Miss Cyclone. Esse caso tempestuoso marcou a vida de Oswald e de todos os jovens literatos que a conheceram. A moça, muito diferente das moças daqueles tempos, logo se integrou ao grupo e se transformou no centro de todas as atenções. Movida também pelas ambições literárias, a Miss Cyclone convivia de igual para igual com os rapazes, coisa espantosa para aquela época.
O caso de amor teve um final trágico. Mas a memória dele ficou registrada no diário da garçonnière e nos inúmeros livros que se escreveram mais tarde sobre os primórdios do modernismo.
O prédio de três pavimentos, construído em 1915, surpreendentemente resistiu, por mais de 100 anos, a todas as transformações ocorridas em São Paulo. Esse endereço, esquecido por muito tempo, foi reencontrado em 2015.
Ele permanece, ainda hoje quase intacto, escondido entre os grandes arranha-céus do Centro.
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar
O frio de São Paulo assustava os velhos paulistanos
São Paulo também se preparou para a guerra nos anos 40
A velha rodoviária era símbolo de uma cidade caótica
Como o rádio ajudou São Paulo a entrar em guerra
Os ônibus vermelhos e de dois andares não vingaram em São Paulo
Cine Piratininga era provavelmente um dos maiores do mundo