No século 18 São Paulo já tinha a sua Casa da Ópera.
Apesar das limitações da pequena vila, São Paulo conheceu o seu primeiro teatro na segunda metade do século 18. Era a Casa da Ópera e ficava no Pateo do Colégio, quase em frente à igreja que o Padre Anchieta construiu e que deu origem a cidade. Foi nela que na noite de 7 de setembro de 1822 o príncipe D. Pedro foi aclamado Imperador do Brasil. Saint-Hilaire, o naturalista francês que esteve nele como espectador pouco antes da independência o descreveu sem nenhum entusiasmo.
Saint-Hilaire, francês culto e aristocrático, já havia visto coisa melhor. Segundo ele, de fora, o prédio não tinha a aparência de um teatro. Era uma casa pequena, baixa, estreita e sem nenhum ornamento. Muitas casas particulares tinham melhor aparência. Estava pintado de vermelho e as janelas eram negras. O interior, no entanto, era melhor e mais cuidado. Saint-Hilaire notou logo um belo lustre de cristal. Havia três andares de camarotes e no centro do segundo, ficava o camarote do governador. Chegava-se a ele, diz o francês “por um pequeno saguão de boa aparência”. Foi este camarote que D. Pedro ocupou quando voltou à cidade depois do famoso Grito do Ipiranga. Mas a plateia era pequena, tomada por bancos de madeira, que nos espetáculos eram ocupados só por homens, como era o costume. Demorou muito até que chegasse o tempo em que as mulheres pudessem ser vistas nas plateias dos teatros.
Saint-Hilaire assistiu ao “Avarento”, de Moliére. Os atores eram “operários, na maior parte mulatos”. As atrizes, “mulheres públicas”. Segundo ele, “o talento delas era equivalente à sua moralidade e atuavam como fantoches movidas por um fio”. Os atores mereceram uma avaliação melhor e segundo ele, alguns tinham inclinação para a arte. Talvez houvesse nesta versão um pouco de preconceito por parte do francês, escandalizado com as prostitutas que ele via andando livremente nas ruas.
A Casa da Ópera durou até 1870 quando o prédio foi demolido. Mas a cidade já era outra e a vila colonial já ia desaparecendo tragada pelo progresso que a transformou numa grande metrópole.
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