No fim do século 18, uma estrada abriu o caminho para o progresso de São Paulo.
FOTO: ADRIANA MATTOSO
Segundo Caio Prado Jr. a geografia foi um fator importante para o crescimento de São Paulo. Apesar do paredão abrupto com mais de 700 metros de altura, que separava a cidade do litoral, era aqui que se obtinha o melhor acesso para o planalto. Além disso, o Rio Tiete, largo e navegável, seguia por centenas de quilômetros na direção do interior facilitando o acesso dos bandeirantes que desbravaram o sertão. Ao contrario de outras cidades importantes criadas pelos colonizadores portugueses, São Paulo não ficava no litoral, mas no planalto e se servia do porto de Santos para escoar o açúcar, os couros e o tabaco produzidos na Capitania e receber os produtos que vinham da Europa.
Mas transpor a serra sempre foi um problema e o paredão de pedra quase vertical nunca foi fácil de ser vencido. Nos primeiros tempos os Jesuítas aproveitaram as trilhas usadas pelos índios e durante séculos foi o Caminho do Padre Jose que permitiu as comunicações entre São Paulo e Santos. Mas era um caminho muito rústico e agreste e segundo o padre Anchieta (que deu o nome à trilha) subia-se usando as mãos e os pés da maneira que fosse possível. Essa trilha, melhorada muitas vezes durante o período colonial, sempre foi precária.
Foi somente em 1790 que o Governador Bernardo José de Lorena tomou a iniciativa de construir um novo caminho, que ficou conhecido depois como Calçada do Lorena. Era uma obra espetacular. Em 1792, Frei Gaspar da Madre de Deus a descreveu assim:
"Uma ladeira espaçosa, calçada de pedras por onde se sobe com pouca fadiga, e se desce com segurança. Evitou-se a aspereza do caminho com engenhosos rodeios, e com muros fabricados junto aos despenhadeiros. Por meio de canais se preveniu o estrago das enxurradas; e foram abatidas as árvores que impediam o sol, para se conservar a estrada sempre enxuta, e em conseqüência destes benefícios já se não vêem atoleiros, não há lama."
Anos depois, John Mawe, um viajante ingles registrou sua surpresa afirmou que “Poucas obras públicas, mesmo na Europa, lhes são superiores e, não encontraremos nenhuma, em país algum, tão perfeita."
Foi graças a essa estrada que o progresso e o crescimento econômico chegaram a São Paulo
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