Série que reunia alguns de seus mais importantes alunos e personalidades do meio cultural para depor e formular perguntas ao mestre
Muito embora Hans-Joachim Koellreutter seja ponta-de-lança no panorama musical brasileiro do século 20, junto dele, a música é apenas um pretexto para se falar de arte e cultura, história e sociedade, política e contemporaneidade. “Me seduz qualquer coisa que se encontre em torno de mim”, dizia. Koellreutter plural, foi persona ideal para se compor um rádio extramusical.
Os anos 1990 foram efervescentes para a Cultura FM, período em que se buscava expandir as fronteiras da música de concerto. E se o conteúdo dava conta de abarcar o debate contemporâneo, os formatos livres podiam experimentar (ou dialogar) com os documentários sonoros.
Os 80 anos de Koellreutter caíram sobre nós como uma tormenta, uma tempestade daquelas que fazem agitar. Uma grande provocação à pequena equipe da Cultura para celebrar personagem tão incontroverso. Com o distanciamento de duas décadas, hoje percebemos que involuntariamente estávamos lidando com importantes fontes primárias, recolhendo depoimentos que viriam a integrar o bonde da história.
Num tempo em que pesquisávamos (apenas) em livros e datilografávamos roteiros na Olivetti, entre outros episódios, me lembro de receber o professor e acompanhar as gravações da série Koellreutter responde, que reunia alguns de seus mais importantes alunos e personalidades do meio cultural para depor e formular perguntas ao mestre.
Os quatro programas, gravados semanalmente nos estúdios da Cultura FM, apresentam um professor (objetivamente ou laconicamente) categórico em concordar ou discordar de seus entrevistadores. “A meu ver é mais uma fofoca. Eu tive ótimas relações com Villa-Lobos e o admiro muito”, revela jocoso no primeiro episódio. No último, já um pouco enfadado com tanta homenagem, aceita um convite para comer macarrão na Mooca – desde que não seja para discutir dodecafonia. “Hoje tem problemas muito mais interessantes do que a música atonal”, finaliza.
(Julio de Paula é diretor de programas da Cultura FM. Em 1995, começava a atuar na equipe de produção como assistente de Regina Porto)
Ficha técnica original:
Idealização e supervisão: Irineu Guerrini Júnior
Coordenação musical, roteiro e apresentação: Regina Porto
Equipe de produção: Adriana Braga, Júlio de Paula, Viviana Morilla
Apoio de produção: Carlos Miguel e Moacyr Ligabo Júnior
Participação especial: José Augusto Mannis
Sonoplastia e montagem: Jonas Bicev
Locução: Hélio Vaccari
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