Acompanhe este mês no RádioMetrópolis e Tarde Cultura em gravações exclusivas
Ninguém na música exerceu de modo mais pleno a liberdade do que Claude Debussy (1862-1918). Liberdade para buscar o novo e fugir do velho como o diabo da cruz. Uma liberdade, acima de tudo, guiada pelo prazer da escuta. É isso que torna sua obra uma das mais originais do século 20. Mesmo tendo vivido seu ciclo criativo entre 1880 e 1920, época em que era praticamente impossível fugir da influência esmagadora e onipresente de Richard Wagner e sua obra de arte do futuro.
Debussy escapou ileso. E ainda por cima encantou plateias com obras-primas originais, que não seguiam nenhuma cartilha conhecida. Algo esperado para quem, ainda um jovem e desconhecido compositor, anunciava: “Não disponho de precedentes aos quais me remeter e me vejo obrigado a criar formas novas”.
A música do século 20 deve a Debussy a sua libertação das rígidas regras do passado. Foi ele que a briu as portas para novos e desconhecidos universos. A partir dele, elegeu-se o timbre como o parâmetro determinante da criação musical. O timbre é a marca sonora de cada instrumento. Uma célebre tirada de Debussy – “É idiota pedir carteira de identidade e estado civil a um acorde” – deixava para trás o primado da harmonia. As exóticas escalas pentatônicas são diferentes, agradáveis, originais? Por que não utilizá-las? Os desenvolvimentos da forma-sonata são entediantes, chatos, previsíveis? Vamos renunciar a essa e a outras formuladas calcificadas. “Não existem regras teóricas. Devemos escutar, simplesmente. Não existe outra regra a não ser o prazer”, pregava o compositor.
Não devemos entender a música de Debussy: “O amor pela arte não se dá nem se explica”. Críticos e músicos seus contemporâneos se desesperaram por não conseguir estabelecer uma evolução lógica na sua produção. A sucessão cronológica ao longo de 40 anos traz obras-primas como o Prelúdio à sesta de um fauno, os três Noturnos, La Mer, Pélleas et Mélisande, os estudos e prelúdios para piano e seu único quarteto de cordas.
É melhor, sempre, ouvir sua música, que soa ao mesmo tempo estranha e sensual, hedonista – sem perder, nunca, seu poder de sedução sobre nossos ouvidos.
Este é o compositor deste mês. Durante trinta dias, você vai ouvir, no Rádio Metrópolis e no Tarde Cultura, movimentos de obras mais amplas como os Noturnos, La Mer e Images; e as peças mais curtas, como Children’s Corner e a Suíte Bergamasque.
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