Bolsonaro determinou ao Ministério da Educação redação de um projeto de lei que proíbe a abordagem de questões de gênero nas escolas
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem ter determinado ao Ministério da Educação que redija um projeto de lei para proibir a abordagem de questões de gênero nas escolas de ensino fundamental.
Ele faz uso frequente da expressão “ideologia de gênero” para criticar governos de esquerda e políticas educacionais que estariam, na visão dele, desviando da concepção tradicional cristã da família.
“Tem um grupo que acredita existir uma separação entre gênero e construção da identidade e que estes temas precisam ser debatidos, e tem outro grupo, que cunhou o termo ‘ideologia de gênero’, que acredita não existir construção identitária em gênero e que isso não precisa ser um assunto debatido nas escolas”, explica a Presidente-Executiva da ONG Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
“Precisamos desenvolver nos alunos do Brasil as competências para o século XXI, isso envolve tolerância, aceitação do diferente, acabar com o bullying e a violência nas escolas e conseguir dialogar de uma forma pacífica com pessoas que pensam diferente. Então tratar de uma forma natural as questões relativas a gênero é algo muito importante”, afirma ela.
Também ontem, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou o recolhimento de material didático que faria, segundo ele, “apologia à ideologia de gênero”.
“Debater gênero nas escolas é importante sim, doutrinação não. Precisamos trabalhar isso com formação dos professores e com a gestão da escola, não com a retirada de livros”, critica Priscila.
Em relação a atitude do governo Doria, a secretaria da Educação afirmou em nota que “o tema de ‘identidade de gênero’ está em desacordo com a Base Nacional Comum Curricular, aprovada em 2017 pelo Ministério da Educação, e também com o Novo Currículo Paulista, aprovado em agosto de 2019”.
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