Em outubro, as obras de Bach tocadas e gravadas em todas as latitudes do planeta
Se a música clássica tem um pai fundador legitimado por todos os compositores que o sucederam nos últimos três séculos, este é sem dúvida Johann Sebastian Bach (1685-1750).
De Beethoven a Stravinsky, de Mozart a Debussy, e de Brahms a Schoenberg – todos, sem exceção, reverenciaram o gênio maior do autor do “Cravo Bem Temperado”, da “Paixão Segundo São Mateus”, da “Missa em Si Menor”, dos “Concertos de Brandenburgo”, das “Variações Goldberg” e da “Arte da Fuga”, além de um majestoso, inigualável monumento formado por cerca de duas centenas de cantatas sacras.
Mais do que respeito, porém, o sentimento que une todos estes nomes é a constatação de que Bach foi mais do que decisivo em todos os gêneros musicais que praticou. Ele abriu para o futuro um mundo aparentemente infinito de possibilidades criativas, ainda hoje não esgotado.
Apesar de ter viajado pouco – não conheceu cidades num raio maior do que 100 quilômetros ao redor da pequena Eisenach, onde nasceu --, Bach conhecia profundamente os estilos musicais que se praticavam em toda a Europa. Ele os assimilou, deglutiu e aperfeiçoou em suas composições. Os exemplos mais notáveis são os da assimilação do estilo concertante inaugurado na música por Antonio Vivaldi; de danças originárias de outros países, como a bourrée francesa e a giga italiana, entre outras; a adoção da abertura à francesa, incluindo os característicos ritmos pontuados; e, sobretudo, a transposição, para o domínio da música sacra, da intensidade dramática da ópera italiana.
E, como se isso não fosse pouco, elevou o contraponto a um nível estratosférico. Alberto Savinio, pintor como o irmão famoso Giorgio De Chirico mas também músico, diz que “o contraponto está para a música assim como a dialética para a filosofia. É a demonstração do princípio de que ‘de uma coisa nasce outra’. É a analogia em música do desenvolvimento celular na vida orgânica. (...) Antes da descoberta do contraponto, a música, como a filosofia pré-socrática, limitava-se a algumas ideias isoladas que brilhavam a grande distância umas das outras. (...)Antes de Bach, a música parece não ter vida nem corpo; mais especificamente, faltam-lhe órgãos internos [Mas com ele] o contraponto tem algo de miraculoso. O tema da fuga cai, e é como se uma semente mágica caísse na cabeça de um careca e a transformasse de repente em uma floresta de cabelos”.
Aí está o segredo que faz a diferença na música de Bach: ele não apenas aperfeiçoou o contraponto. Levou-o a patamares inalcançáveis. Um exemplo? Uma de suas obras finais, a “Arte da Fuga”, é pura abstração: não indica nenhuma instrumentação nem tem indicação alguma para a sua execução. Apenas notas no papel pautado.
Este é o compositor deste mês na Cultura FM. Para se avaliar a força de sua presença na vida musical internacional hoje, em pleno século 21, construí cada intervenção deste mês garimpando apenas nos conteúdos exclusivos da União das Rádios Europeias em um acervo de gravações de concertos realizados só nos últimos doze meses. Durante este mês, portanto, os ouvintes terão acesso a registros de performances recentíssimas.
No ar de segunda a sexta-feira dentro do Rádiometrópolis (9h) e Tarde Cultura (15h)
Apresentação: João Marcos Coelho
Produção: Bruno Lombizani
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