Começando o Dia

De segunda a sexta-feira, das 8 às 9 horas Apresentação: Alexandre Machado

A literatura de não ficção de Laurentino Gomes

“Eu não uso ficção para preencher lacunas do conhecimento histórico, mas eu uso recursos literários para construir o meu texto”, afirma o escritor

Thábata Mondoni Literatura

24/05/11 13:40 - Atualizado em 24/05/11 13:40

Para quem pensa que jornalismo está apenas no factual do dia a dia, o jornalista Laurentino Gomes explica que é possível escrever o real com muitos detalhes, em diversas páginas, utilizando a linguagem literária sem transformar a obra em literatura, mas sim no puro jornalismo especial.

Uns chamam de literatura de não ficção, outros de jornalismo literário e alguns até se arriscam em dizer que o gênero é narrativa da vida real. A dúvida também chegou ao autor, que por sua vez se questionou até chegar as suas próprias conclusões. Logo que lançou o livro 1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil, foi chamado de inúmeras coisas, menos de jornalista.

“Começaram a me chamar de tudo, de historiador, escritor, professor, doutor, coisas que eu não sou. E ai eu comecei a me perguntar: afinal de contas, o que eu sou mesmo? E eu cheguei a conclusão óbvia e que me ajudou até a recuperar o meu eixo interno, que sou um jornalista. Eu sempre fui um jornalista. O que eu tenho feito é jornalismo, na forma de livro, ou seja, escrevi um livro reportagem sobre a história do Brasil, mas o meu olhar sobre o mundo, meu olhar sobre a história do Brasil, sobre a própria obra é um olhar de um repórter. Eu não sou um historiador acadêmico, nem tenho a pretensão de ser um grande literário, um grande escritor. Pois tem quem faça melhor que eu. Agora jornalismo, modestamente eu domino relativamente bem”, diz Laurentino.

Ele afirma que o que ele faz são livros de não ficção. “Eu não uso ficção para preencher lacunas do conhecimento histórico. Mas eu uso recursos literários para construir o meu texto, como, aliás, qualquer jornalista quando vai fazer uma reportagem especial. Por exemplo, quando eu abro um capítulo falando da princesa Leopoldina, eu digo que ela tinha todos os atributos que Dom Pedro valorizaria em uma mulher, menos o essencial, que era sensualidade e beleza. É uma linguagem literária, mas tudo isso está comprovado nas fontes que eu pesquisei“.

Mesmo com um nome não definido, a prática existe e começou em meados da década de 1960. Neste período surgiram a revista Realidade e o Jornal Pasquim com grandes reportagens. Nos livros se detacaram escritores como Truman Capote, Gay Talese, Tom Wolfe, Gabriel Garcia Marques e José Saramago, entre muitos outros.

Se você é um fã do gênero a dica é o site Texto Vivo, que reúne grandes reportagens.

Ouça a entrevista do Começando o Dia com o jornalista Laurentino Gomes:



Veja também:

A relação do jornalista com o livro será discutida em encontro

 

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