Cento e cinquenta anos após seu nascimento, efeméride celebrada em 2012, e um século e pouco após ter anunciado, em 1905, “as mais recentes descobertas da química harmônica”, Claude Debussy (1862-1918) continua a impor indagações, e sua obra, a incitar a diversidade analítica. “O Caso Debussy”, como ficou conhecida a polêmica lançada por um jornal da época, marca o reconhecimento público do debussysmo, mas não a sistematização propriamente de uma escola debussysta que o compositor quisesse vir a propagar.
Ao longo de 13 audições, esta série irá introduzir elementos ilustrativos desse complexo enigma que foi Debussy, compositor que com impensável delicadeza desmontou um sistema musical inteiro assentado em séculos: a arquitetura tonal. Embora tenha inovado, num leque mais amplo, na escrita pianística, no drama musical, na micro e na macroforma, foi no campo específico da harmonia que se deu a grande revolução empreendida por Debussy. Paradoxalmente, sua ruptura de primeiro atinge o cerne da tonalidade, mas não o tonalismo. Ao substituir o conceito de função harmônica pelo de função acústica, Debussy subordina a sintaxe musical (discurso, progressão) pelo léxico sonoro (acordes, escalas), para desenvolver uma linguagem que não se configura nem tonal, nem atonal, nem politonal.
Apresentação: Regina Porto
Produção: Ralf Schwarz
Trabalhos Técnicos: Almir Amador
Estágio em Produção: Raquel Sá
Apresentado em 2013 na Rádio Cultura FM.
Compositora, curadora de concertos e pesquisadora. Foi produtora na Cultura FM de São Paulo e editora de música da revista Bravo!. Formação em jornalismo pela ECA-USP e piano pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.