Com Neymar Dias, em CD gravado no Estúdio Monteverdi de André Mehmari
“A obra de Johann Sebastian Bach é completamente inspiradora para qualquer músico instrumentista”, diz Neymar Dias, um multi-instrumentista que, além de dominar a viola de modo formidável, também é um notável contrabaixista. “É sempre um desafio técnico e musical ao mesmo tempo. Eu, que sou um apaixonado pela música de Bach, sempre tive vontade de trazer essa atmosfera musical para a viola brasileira, na tentativa de aproximar dois universos que a princípio são muito distantes”.
São quase três anos de trabalho árduo para, como ele mesmo diz, encontrar as peças que mais se adaptem á sonoridade da viola, “respeitando seus limites técnicos e ao mesmo tempo aproveitando sua sonoridade peculiar, que muitas vezes se assemelha ao cravo, instrumento muito utilizado na época de Bach”.
Neymar encontrou em André Mehmari um parceiro privilegiado que o ajudou de modo decisivo nesta empreitada ousada – e muitíssimo bem-sucedida. Gravou no Estúdio Monteverdi, sob supervisão de Mehmari, que, como Neymar, tem plena consciência do significado da música de Bach, como atesta neste texto do folheto do CD: “A música de Bach carrega a mais profunda e verdadeira universalidade de toda a história da música. Não há nenhum caso similar. Navegar por sua obra é passear oeka mente de Deus, tocar o transcendente, o intraduzível em palavras em qualquer língua. Essa música acolhe e aceita as mais diferentes leituras, seja num cravo ou em um sintetizador moderno. Talvez o exemplo mais evidente dessa universalidade seja a leitura de um Glenn gould, tocando ao teclado de um piano atual uma obra que não foi pensada para este instrumento. A voz de cada intérprete dialoga com esse código sagrado de imensa força expressiva, deixando que sua personalidade transpareça ao mesmo tempo que sendo absolutamente fiel ao texto original”.
E, falando diretamente sobre este mergulho de Neymar e sua viola caipira no universo bachiano, Mehmari acrescenta que “assim são as leituras de Neymar Dias nas cordas de sua viola audaz e sem fronteiras. Esse caipira universal acatou o grande desafio de transpor para a viola brasileira uma música densa com rica textura polifônica, algo bastante distante das toadas, pagodes e catiras do interior paulista, onde ele fez sua primeira morada estilística, ainda criança. Desta maneira, Neymar lança uma nova luz à obra ecrita inicialmente para alaúde barroco e nos oferece leituras geniais e inéditas, impulsionando seu amado instrumento para um novo patamar de qualidade e acabamento técnico”.
Durante a gravação, foram colocados apenas dois microfones a cerca de 2 metros do corpo do instrumento. “A acústica e a reverberação ouvida nesta gração é portanto totalmente natural, oriunda do pé direito alto e das reflexões da sala do estúdio Monteverdi, localizado no coração da Serra da Cantareira”, esclarece Mehmari.
Embarque, portanto, nesta viagem maravilhosa da viola caipira brasileira pelo universo de Johann Sebastian Bach, pelas mãos e engenho de um dos mais talentosos artistas brasileiras da atualidade.
FAIXAS
Partita no. 1 em mi maior BWV 1006:
1. Prélude
2. Loure
3. Gavotte en rondeau
4. Menuet I
5. Menuet II
6. 6. Bourrée
7. Gigue
Suíte no. 1 em sol maior BWV 1007:
8. Prélude
9. Allemande
10. Courante
11. Sarabande
12. Menuet I
13. Menuet II
14. Gigue
Prélude, Fugue et Allegro BWV 998:
15.Prélude
16.Fugue
17.Allegro
18. Wachet auf, ruft uns die Stimme (Cantata BWV 140)
19. Suíte no. 2 em ré menor, III Courante BWV 1008
20. Jesus, bleibet meine Freude – (Cantata BWV 147)
Gravado no Estúdio Monteverdi entre 26 e 30 de dezembro de 2016
Todas as peças transcritas para viola brasileira por Neymar Dias
Outubro 2017
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