Aconteceu em 1966, entre a cítara de Ravi Shankar e o violino de Yehudi Menuhin
Era para ser apenas uma apresentação reunindo, pela primeira vez, dois músicos de culturas bem diferentes: de um lado, o violinista norte-americano Yehudi Menuhin (1916-1999); de outro, o citarista indiano Ravi Shankar (1920-2012). O primeiro estava com 50 anos, o segundo com 46. Aconteceu em junho de 1966, no Festival de Bath, na Inglaterra. E eles prepararam várias surpresas para o público presente: alguns temas de Shankar; e na segunda parte, a sonata no. 3 do compositor romeno George Enescu (1881-1955), antigo professor de Menuhin (neste caso, ele foi acompanhado por sua irmã Hephzibah ao piano.
Seria apenas mais um de tantos encontros entre músicos de DNAs diferentes. Mas neste caso, o impacto foi devastador. Mexeu e transformou radicalmente a vida e a arte de grupos como os Beatles (e, entre os quatro, sobretudo George Harrison), Rolling Stones, The Byrds e Traffic. Mais do que impacto, foi a consolidação de um interesse crescente que os músicos ocidentais daquela década foram intensificando em torno da música indiana. E, principalmente, na figura de Ravi Shankar.
O LP foi lançado pelo selo Angel, da EMI, em janeiro de 1967. O álbum ganhou todos os prêmios, ficou meses no topo da lista então muito prestigiada da revista Billboard, ganhou naturalmente o Grammy.
É este o CD desta semana na Cultura FM. Uma escolha comemorativa, já que a Warner está relançando os dois primeiros álbuns originais intitulados “East meets West” 1 e 2 no mercado internacional, em vinil, CD físico e mp3, em tributo ao centésimo aniversário de nascimento de Ravi Shankar.
Resolvi colocar nesta semana o primeiro registro histórico de junho de 1966; e na semana que vem o segundo, gravado em 1967 e lançado no ano seguinte.
Três composições de Shankar preenchem o que seria o lado A do LP: Prabhati; Raga Puryia Kalyan; e Swara Kakali (baseada no raga Tilang). E, no que seria o lado B, a incrível sonata no. 3 de Enescu, um extraordinário compositor do século 20, infelizmente pouquíssimo tocado modernamente.
Já que estamos todos recolhidos, socialmente isolados, nada melhor do que esta música para nos legar a meditar sobre temas essenciais da vida. Ouça e medite quantas vezes quiser, durante esta semana, ao som de Menuhin e Shankar. E viva Shankar nos seus 100 anos.
FAIXAS:
1."Prabhati" – 4:08
2."Raga Puriya Kalyan"
3."Swara Kakali (based on Raga Tilang)"
"Sonata for Violin & Piano No. 3 in A minor, Op. 25" (George Enescu):
4.Moderato malinconico
5.Andante sostenuto e misterioso
6.Allegro conm brio, ma non troppo mosso
Yehudi Menuhin – violino
Ravi Shankar – cítara e arranjos (1 a 3)
Alla Rakha – tabla
Hephzibah Menuhin – piano
Prodyot Sen – tambura
Gravado em junho de 1966, no Festival de Bath, Inglaterra.
LP original de 1967, ora lançado como CD pela Warner
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