No CD do selo Centaur, a impactante obra “Brasília 50” de Jorge Antunes
O violonista brasileiro Alvaro Henrique, radicado em Brasília, estudou na USP, Universidade de Brasília e também no Departamento de Música da Universidade de Nuremberg, na Alemanha. Lançou, em 2013, pelo selo norte-americano Centaur Records, o CD “Suíte Candanga”, onde interpreta obras de Gottschalk, Carlos Alberto da Silva, Mário Ferraro e Jorge Antunes.
O próprio Alvaro assina a transcrição para violão da Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro de Louis Moreau Gottschalk. Mas o núcleo do CD é a temática ligada a Brasília. “A Reconstrução de Brasília” foi encomenda de Alvaro Henrique para Carlos Alberto da Silva. Descreve musicalmente a vida dos operários que construíram a nova capital. Em seu movimento único integram-se, por exemplo, uma parte intitulada O espírito de Brasília; outra é Dança dos Candangos.
A Pequena Suíte de Brasília – ou Pequena Suíte Candanga, que dá título ao CD – de Mário Ferraro, evoca até a canção favorita do presidente Juscelino Kubitschek, “Peixe Vivo”.
A peça mais ambiciosa e impactante do CD é uma “work in progress”, ou seja, vem sendo composta desde 2010 pelo notável compositor Jorge Antunes, de 73 anos. Antunes é pioneiro da música eletroacústica no Brasil. Quando concluída, “Brasília 50” será uma coleção de mais de 50 miniaturas para violão e sons pré-gravados. Antunes começou sua composição logo depois do 50º. aniversário da cidade. Cada peça inspira-se num evento histórico acontecido em Brasília numa cronologia ano a ano. Até agora, Antunes compôs as primeiras 16 peças – são as que estão aqui registradas por Alvaro Henrique. 1960 leva o título inauguração de Brasília: Niemeyer e Kubitschek. 1969 mistura trechos da transmissão do milésimo gol de Pelé com transmissões do homem na lua. 1964 leva o título golpe militar, assim como 1968 intitula-se AI-5, referência ao Ato Institucional no. 5 que suspendeu as liberdades democráticas no país. Dois assassinatos emblemáticos também são lembrados: 1971: assassinato de Lamarca; e 1975, assassinato de Vladimir Herzog, a décima sexta peça do ciclo previsto para 50, cobrindo o primeiro meio século da vida de Brasília.
Durante esta semana você pode ouvir o CD na íntegra no portal da Cultura FM. E reviver um pouco da história política brasileiro de 1960 para cá, nas peças de Antunes que misturam transmissões, discursos, ruídos com o violão. É uma experiência memorável.
FAIXAS
Louis Moreau Gottschalk (arr. Alvaro Henrique):
1. Fantasia sobre o Hino Nacional
Carlos Alberto da Silva:
2. A Reconstrução de Brasília
Mario Ferraro: Pequena Suíte Candanga
3. Cidade imaginária
4. Flor da savana
5. O vazio e o pássaro
6. Cidade imprevista
7. O céu sobre o planalto central
Jorge Antunes: Brasília 50
8. 1960 – Inauguração de Brasília: Niemeyer e Kubitschek
9. 1961 – Renúncia de Jânio Quadros
10. 1962 – Fundação da Universidade de Brasília: Darcy Ribeiro
11. 1963 – O assassinato do presidente Kennedy
12. 1964 – Golpe militar
13. 1965 – A guerra do Vietnã e o AI-2
14. 1966 – Fechamento do Congresso Nacional
15. 1967 – Posse do Presidente Costa e Silva
16. 1968 – Cantando e dançando o AI-5
17. 1969 – Homem na Lua, milésimo gol de Pelé
18. 1970 – Brasil campeão do mundo
19. 1971 – Assassinato de Lamarca
20. 1972 – Guerrilha ingênua
21. 1973 – O desaparecimento de Honestino
22. 1974 – Revolução dos Cravos
23. 1975 – Assassinato de Vladimir Herzog
Gravado entre 1º. e 15 de novembro de 2012 no Estúdio Virtual, em Brasília.
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