Com a pianista carioca Clélia Iruzun e a Royal Philharmonic Orchestra
Radicada há muitos anos em Londres, a pianista brasileira Clélia Iruzun vem desenvolvendo uma carreira muito consistente. Lança CDs regularmente pelo selo inglês Somm Recordings, como os dois dedicados às obras do catalão Federico Mompou (1893-1987), que foram escolhidos como CD da semana pela Cultura FM há alguns anos. Ela explora o repertório dos séculos 19/20, com ênfase nos compositores brasileiros.
Agora, a pianista carioca lança seu mais ambicioso CD, contendo dois concertos com orquestra e algumas peças para piano de dois compositores: o espanhol Isaac Albéniz e o brasileiro Francisco Mignone, com a Royal Philharmonic Orchestra de Londres, regida por Jac van Steen.
Enquanto Villa-Lobos foi a Paris na década de 1920, Mignone fixava-se na Itália, estudando em Milão. Lá teve obras executadas pela Filarmônica de Viena regida por ninguém menos do que Richard Strauss (Toscanini também regeu obras de Mignone e gravou “Festa das Igrejas”). Em seu retorno ao Brasil, viu-se pressionado – ele mesmo afirmou isso – a adotar postura francamente nacionalista, movimento capitaneado por Mário de Andrade e que tinha em Villa-Lobos seu maior representante.
O concerto para piano é de 1958, e foi dedicado ao pianista carioca Arnaldo Estrela, na passagem de seus 50 anos (o próprio pianista fez a estreia mundial, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, regido por Mignone). É sua obra mais ambiciosa no gênero, que também abordou nas quatro fantasias para pano e orquestra. Basta ouvir o encorpado Allegro inicial para nos darmos conta de sua qualidade.
O concerto de Albéniz mergulha nas raízes da música popular espanhola, mas mantém fatura claramente romântica. Ele estudou no Conservatório de Paris e tocou na América do Sul, incluindo o Brasil. Quando o compôs, estava sob o impacto da descoberta do pioneiro trabalho de Felipe Pedrell de valorização da música espanhola, em tudo semelhante à cartilha que Mário difundiu no Brasil.
Compostos a 71 anos de distância entre si, os dois concertos evidenciam as qualidades de seus criadores: a densa orquestração de Mignone e uma escrita pianística complexa; e, de outro lado, o piano se impondo à orquestra, como convencionalmente acontecia no gênero durante todo o romântico século 19.
Completam este CD quatro peças para piano solo. De Albéniz, Clélia toca Granada e Sevilha, da Suíte Espanhola; e de Mignone, duas irresistíveis Valsas de Esquina (no.s 1 e 5).
FAIXAS
Francisco Mignone (1897-1986): Concerto para piano e orquestra
1. Allegro
2. Andante
3. Allegretto marziale
Isaac Albéniz (1860-1909): Concerto no. 1 em lá menor, op. 78 (Concierto Fantastico) para piano e orquestra
4. Allegro na non troppo
5. Andante
6. Allegro
Isaac Albéniz:
7. Suíte Espanhola –no. 1 Granada
8. Suíte Espanhola – no. 5 Sevilla
Francisco Mignone:
9. Primeira Valsa de Esquina
10. Quinta Valsa de Esquina
Gravado no Blackheath Center, Inglaterra, em 21 e 22 de novembro de 2018
CD Somm Recording 2017.
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar