Aos 12 anos, o pianista toca Chopin e o Allegro do Concerto Imperador de Beethoven
Os CDs desta e das próximas duas semanas que os ouvintes da Cultura FM poderão saborear na íntegra durante uma semana cada um são especialíssimos. Num gesto generoso da gravadora Sanctus Recordings, de Brasília, que autorizou sua inclusão nesta seção do portal da rádio, poderemos conhecer momentos raros da carreira do pianista Nelson Freire.
Assim, esta semana você pode curtir um documento histórico relevante: “Ritos de Passsagem - Nelson Freire 1957”. Ele tinha 12 anos quando participou do 1º. Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro, ao lado de dezenas de pianistas mais velhos. Pegou um nono lugar numa competição em que a obra de Chopin – sua futura especialidade – constituía o repertório central para avaliação dos candidatos. No júri internacional, nomes como Lily Kraus e Guiomar Novaes. Nelson, que se mudara de Boa Esperança para o Rio de Janeiro com a família aos 4 anos, estudava com Lúcia Branco, responsável por sua inclusão no concurso. O menino estreara em recitais um ano antes, em 1956, no Teatro Municipal do Rio. Como Lúcia preparava também outros candidatos, Nelson acabou recorrendo a sua primeira professora, Nise Obino, que por trinta dias deu-lhe aulas secretas de preparação para o concurso.
No CD do selo Sanctus, está lá a performance que levou o menino de 12 anos para a finalíssima: o primeiro movimento do Concerto no. 5, Imperador, de Beethoven (registro tecnicamente precário, mas válido como documento histórico), com a Orquestra do Teatro Municipal do Rio, regida por Nino Stinca. Guiomar chamou-o de “nosso Rubinsteinzinho”. O presidente Juscelino Kubitschek, presente ao teatro, garantiu-lhe publicamente uma bolsa de estudos na Europa.
Foi por causa desta performance do Imperador, incluída no CD a título de bônus, que Nelson foi convidado a gravar seu primeiro LP – o que aconteceu em curtíssimas duas horas de estúdio. É um recital Chopin que abre o CD, incluindo peças que o tornariam mundialmente famoso décadas mais tarde: a Balada no. 4 op. 52; o Scherzo no. 1 op. 20, além de um Noturno (no. 7, op. 27, no. 1), um Estudo (no. 4, op. 10), uma Valsa (no. 14, póstuma) e uma mazurca (op. 33, no. 2).
Durante esta semana você pode ouvir na íntegra tudo isso. E é só o começo. Nas próximas duas semanas, outros dois CDs de Nelson Freire frequentarão esta seção. Não perca.
FAIXAS
Frédéric Chopin (1810-1849)
1. Noturno no. 7 em dó sustenido menor, op. 27, no. 1
2. Balada no. 4 em fá menor, op. 52
3. Estudo no. 4 em dó sustenido menor op. 10
4. Valsa no. 14 em mi menor (póstuma)
5. Mazurca em ré maior op. 33, no. 2
6. Scherzo no. 1 em si menor op. 20
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
7. Allegro, primeiro movimento do Concerto para piano e orquestra no. 5 em mi bemol maior, op. 73, “Imperador”
Faixas 1 a 6 – estúdio, 1957
Faixa 7 – ao vivo, Teatro Municipal do Rio de Janeiro, agosto 1957, com Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, regida por Nino Stinca.
CD selo Sanctus Recordings.
Brasília, 2012.
www.sanctusrecordings.com
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