Um delicioso passeio pelo universo do choro, de Joaquim Callado a Waldir Azevedo
Como na lendária Tin Pan Alley na Nova York das primeiras décadas do século 20, também nas ruas do Rio de Janeiro pianistas testavam partituras de canções recém-lançadas diante de pessoas interessadas em comprá-las para se divertirem tocando e cantando em casa, depois do jantar. Era assim que a música popular circulava. E daí vem a expressão “pianeiro”, que hoje costumamos usar quando falamos de Ernesto Nazareth. De fato, ele foi o protótipo do pianeiro brasileiro, mas muitos outros merecem a qualificação.
No texto do folheto do CD “O pianeiro chorão”, Marco Bernardo, paulista de 58 anos, afirma com razão que é injusta “a conotação pejorativa que alguns já ousaram lhe pespegar”. E continua: “Os gêneros em voga - desde os ancestrais lundus, schottisches, valsas e polcas, até os mais contemporâneos maxixes, tanguinhos e sambinhas --, muito em função desses pianeiros, acabaram originando a mais brasileira das linguagens musicais, o choro, e seus intérpretes ficaram conhecidos como chorões”.
Bernardo já comandou na Rádio Cultura AM, em 1992, o programa “Cantando o Choro”. Pesquisador respeitado, confessa que este “pianeiro chorão” é ‘o produto de décadas de devoção e dedicação a todos esse universo”.
Em três performances, Bernardo constrói um arco histórico amplo, desde Joaquim Callado (1848-1880) até Waldiz Azevedo (1923-1980), passando por nomes ilustres como Nazareth e Chiquinha Gonzaga. Não esquece Donga nem Pixinguinha ou Sinhô, Zequinha de Abreu e Jacob do Bandolim. E ainda abre espaço para Radamés Gnattali, provavelmente o músico brasileiro mais inclusivo que já existiu. Mas sua maior paixão parece se mesmo o autor de “Brasileirinho”, Waldir Azevedo, com direito a três faixas.
FAIXAS
1. Flor Amorosa (Joaquim Callado)
2. Gaúcho (corta-jaca ) (Chiquinha Gonzaga)
3. Vem cá, Branquina (Ernesto Nazareth)
4. Expansiva (Ernesto Nazareth)
5. Pelo telefone (Donga/Mauro de Almeida)
6. Rosa (Pixinguinha)
7. Jura (Sinhô)
8. Branca (Zequinha de Abreu)
9. Manhosamente (Radamés Gnattali)
10. Noites Cariocas (Jacob do Bandolim)
11. Pedacinhos do Céu (Waldir Azevedo)
12. Delicado (Waldir Azevedo)
13. Brasileirinho (Waldir Azevedo)
Gravado no Teatro da Univap (Sâo José dos Campos, SP) em 7 de setembro de 2008.
2019 Kuarup Discos
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