Paul Galbraith toca com a postura de um cellista, dando-lhe mais fluência
O violinista britânico Paul Galbraith, 53 anos, nasceu em Edimburgo e fez seus estudos iniciais em sua cidade natal e em seguida em Manchester e em Londres. Depois da medalha de prata no Primeiro Concurso Internacional Andrés Segovia – e de ter recebido do mestre espanhol um elogio eloquente (“Paul é magnífico. Será um grande artista”), Galbraith construiu uma carreira internacional com uma abordagem particular da técnica violonística: em 1984, ele teve a ideia de liberar o braço direito de sustentar ou se apoiar no instrumento. A liberdade resultante proporciona maior fluidez entre movimento e som. Paul continuou a desenvolver e refinar seu novo modo de tocar até 1987, quando desenvolveu a postura de violoncelista com a qual é associado atualmente.
Além disso, ele usa um inusitado violão de 8 cordas desenvolvido em 1993 em parceria com o célebre lutiê David Rubio. O design de Rubio distancia-se do formato tradicional ao empregar a radical assimetria de encordoamento do “Orpharion”, um instrumento renascentista da família do alaúde. Ele foi apelidado de “Violão Brahms” devido a sua ampla tessitura e riqueza de possibilidades sonoras.
Tudo isso – a postura de violoncelista, o instrumento diferente – você pode conferir no magnífico diálogo que Galbraith promove entre Mozart e Bach em “Allemande”, recém-lançado CD do selo Guitarcoop. As joias da gravação são, naturalmente, uma Alemanda e uma sonata inteira, original para piano, de Mozart.
No texto do encarte, o violonista brinca com uma piada do grande mestre do violão contemporâneo, Julian Bream: “tudo que precisamos agora é de uma sonata de Mozart”. “É uma enorme provocação para um violonista clássico”, escreve Galbraith, “uma vez que ela brinca com uma das nossas maiores frustrações: nós adoraríamos tocar Mozart, mas não o fazemos! (...)”Nós, violonistas, sentimos que Mozart e o violão foram feitos um para o outro, como se cada um de nós pudesse escutar, em nosso ouvido interior, o som produzido por tal encontro: isto é, um encontro entre a transparência ‘luminosa’ das texturas de Mozart e a correspondente sofisticação e nitidez da paleta tonal do violão”.
Bem, além de nos motrar o “seu” Mozart, Galbraith também nos oferece uma viagem pela criação de Bach: a Alemanda da suíte em mi menor BWV 996 e duas suítes inteiras: uma para alaúde BWV 995, e a quinta das magnificentes suítes para violoncelo solo de Bach, em sol menor, BWV 1007.
Durante esta semana inteira os ouvintes da Cultura FM podem curtir a sonoridade tão específica do “violão Brahms” de Paul Galbraith quantas vezes quiserem.
FAIXAS
J.S.Bach (1685-1750):
1.Allemande, da Suíte para alaúde em mi menor BWV 996 – 3’07
W.A.Mozart (1756-1791):
2. Allemande em dó menor (transcrição para mi menor) da Suíte Barroca em Dó Maior, K. 399 - 3’02
W.A.Mozart: sonata para piano em si bemol maior (transcr.Mi)K.570:
3. Allegro
4. Adagio
5. Allegretto
J.S.Bach: suíte para alaúde em Sol menor (transcr.Lá menor) BWV 995:
6. Prelude
7. Allemande
8. Courante
9. Sarabanda
10. Gavottes I e II
11.Giga
J.S.Bach: suíte para cello em Sol Maior (transcr. Ré) BWV 1007:
12. Prelude
13. Allemande
14. Courante
15. Sarabanda
16. Minuetos I e II
17. Giga
Gravado em 4,5 e 8 de dezembro de 2014 e em 1º. de dezembro de 2015 no Legacy Hall, Columbus State University, Georgia
Paul Galbraith toca um Violão David Rubio: “Brahms guitar” 2000. Caixa de ressonância: Antonio Tessarin
Cordas: D’Addario.
Afinação: 393 hz.
Guitarcoop, 2017.
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