Por Maria Teresa Madeira, no terceiro CD de sua integral para piano do compositor
Revisitamos esta semana a monumental e deliciosa integral da obra para piano de Ernesto Nazareth (1863-1934) gravada pela pianista Maria Teresa Madeira. O nome de Nazareth nos remete imediatamente aos tanguinhos e às pequenas peças para piano malemolentes, cheias de suingue que frequentam há mais de um século o imaginário musical popular brasileiro. Aqui e ali sentem-se pitadas chopinianas, é verdade. Mas, em vez de pecado, isso dá um sabor especial à vasta produção musical do nosso primeiro grande pianeiro carioca.
São mais de 200 composições, que, como escreve o pianista Alexandre Dias no encarte da caixa de 12 CDs, “contam um pouco da história da transformação da música no Brasil desde o Império, com diversas polcas, valsas e quadrilhas, até o início da República, quando Nazareth passou a trabalhar outros gêneros, como o tango brasileiro, vindo a consolidar as bases para a evolução do choro”.
Nas últimas décadas, a pianista carioca Maria Teresa Madeira tem se dedicado com afinco e talento no garimpo de gemas menos conhecidas. Até que, entre abril de 2014 e setembro de 2015, ela conseguiu realizar o sonho de gravar a integral para piano de Nazareth. Por quase um ano e meio, frequentou assiduamente o estúdio Laranjeiras Records, no Rio de Janeiro.
O resultado foi lançado no finalzinho de 2016: uma bela caixa com 12 CDs em que ela interpreta cronologicamente todo Nazareth. Maria Teresa ganhou merecidamente todos os prêmios de 2017 – da Música Brasileira e o da revista Bravo. Todas as partituras de Ernesto Nazareth estão disponíveis em www.ernestonazareth.com.br e www.ernestonazareth150anos.com.br
Nesta semana, vamos explorar as composições de Nazareth dos anos 1897-1900, portanto da virada dos séculos 19 e 20. São quinze, entre tangos brasileiros e característicos, valsas e fox-trotes, com direito até a uma gavota, dança barroca cultuada por ninguém menos do que Johann Sebastian Bach e os demais compositores do século 18. E com título em francês: “Corbeille de fleurs”.
Vale a pena ouvir mais de uma vez “Zica”, valsa chopiniana de mais de 10 minutos (Chopin foi seu ídolo permanente); e também “Iris”, outra valsa, desta vez de 7 minutos. As duas são as peças mais longas deste volume 3 da integral Nazareth por Maria Teresa Madeira.
FAIXAS
1. Turuna (1899) grande tango característico
2. Gentil (1898) schottisch
3. Adieu (1898) romance sem palavras
4. Está chumbado (1898) tango brasileiro
5. Bombom (1899) polca
6. Corbeille de fleurs (1899) gavota
7. Feitiço (1897) tango brasileiro
8. Furinga (1898) tango brasileiro
9. Zica (1899) valsa
10. Zizinha (1899) polca
11. Bicyclette-Club (1899) tango brasileiro
12. Cacique (1899) tango brasileiro
13. Iris (1899) valsa
14. Quebradinha (1899) polca
15. Digo (1900) tango característico
O cmais+ é e reúne os canais TV Cultura, UnivespTV, MultiCultura,
TV Rá-Tim-Bum! e as rádios Cultura Brasil e Cultura FM.
Visite o cmais+ e navegue por nossos conteúdos.
Compartilhar