Quinta Essentia propõe uma leitura diferente – e deliciosa - da obra-prima de Bach
O quarteto de flautas doces paulista Quinta Essentia chega ao clímax de uma carreira vitoriosa, ao lançar uma leitura apaixonante da “Arte da Fuga”, de Johann Sebastian Bach, no mercado internacional, pelo selo ARS Produktion, de Hamburgo.
Formado em 2006, gravou seu primeiro CD dois anos depois, com repertório internacional: “La Marca”. O quarteto quis imprimir sua marca sonora num programa historicamente vasto, que começa nos séculos 16 e 17 e alcança até a nova produção brasileira. Em “Falando Brasileiro”, seu segundo CD, propunha um casamento inesperado e muito bem-sucedido entre instrumentos de longa tradição europeia e a música brasileira.
Este, o terceiro em dez anos de existência, é ousadíssimo. Enfrenta o Himalaia instrumental de Bach, que sequer indicou instrumentação para sua Arte da Fuga, obra de sua plena maturidade. Uma criação musical abstrata, que o Quinta Essentia preenche com suas flautas doces de modo admirável.
Renata Pereira, integrante do quarteto ao lado de Felipe Araújo, Fernanda de Castro e Gustavo de Francisco, assina o consistente texto no encarte, em alemão, inglês e português. E fala das escolhas do grupo para a Arte da Fuga. “A fuga é uma forma ou maneira de escrever música existente desde a Renascença. Essa técnica de composição teve seu auge no período barroco graças ao mestre das fugas Johann Sebastian Bach. Seu manuscrito a 4 vozes, sem indicação de instrumentação, composto no fim de sua vida, foi um prato cheio para nós, do Quinta Essentia, pois temos como filosofia a divulgação das possibilidades de um instrumento musical cujo auge se deu no período de excelência da fuga, o barroco”.
O maior desafio, entretanto, foi escolher os instrumentos. Eles optaram pelos instrumentos históricos, de época, ou réplicas, “porque oferecem mais contrastes (...) maior variedade na sonoridade, rica em contrastes, com maior número de instrumentos”. No texto do encarte, Renata conta a saga para encomendar a lutiês réplicas de instrumentos barrocos.
O resultado é arrebatador. São 80 minutos, quase uma hora e meia, de contrapontos, fugas simples, fugas espelhadas, fugas duplas e triplas. Pode esquecer detalhes matemáticos e estruturais. Delicie-se com a Arte da Fuga, o momento máximo da criação bachiana, nesta linda versão do Quinta Essentia.
Durante esta semana inteira, você pode ouvir esta performance rara na íntegra, no portal da Cultura FM. Divirta-se.
FAIXAS
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
A Arte da Fuga, BWV 1080:
1. Contrapunctus 1
2. Contrapunctus 2
3. Contrapunctus 3
4. Contrapunctus 4
5. Canon in Hypodiapason – ala ottava
6. Contrapunctus 5
7. Constrapunctus 6, a 4 in stylo francese
8. Contrapunctus 7, a 4 per augmentationem et diminutionem
9. Canon in Hypodiatessaron al roversio e per augmentationem
10. Contrapunctus 8, a 3
11. Contrapunctus 9, a 4 alla duodécima
12. Contrapunctus 10, a 4 alla decima
13. Contrapunctus 11, a 4
14. Canon per augmentationem in contrario motu
15. Contrapunctus 12, a 4: rectus
16. Contrapunctus 12, a 4: inversus
17. Canon ala decima – contrapunto ala terza
18. Contrapunctus 12, a 3: rectus
19. Contrapunctus 12, a 3: inversus
20. Canon ala duodécima in contrapunto ala quinta
21. Contrapunctus 14 a 3 soggetti
Gravado em fevereiro e março de 2016 no estúdio do curso de produção fonográfica da FATEC de Tatuí (SP).
Músicos:
Gustavo de Francisco, Renata Pereira, Felipe Araújo e Fernanda de Castro
Instrumentarium:
sopranino em fá – Robert Holz
soprano em dó - Takeyama
flauta Bressan em si bemol – Tim Cranmore
Bressan contralto em sol – Etienne Holmbalt
contralto em fá – Philippe Bolton
tenor em dó – Takeyama
flauta tenor em si bemol Stanesby Jr. – Tim Cranmore
YRB-61 SP MIB -415 – Yamaha
Grande baixo em dó YRGB-61 MIGB – Yamaha/Takeyama (design especial)
Site: www.5eofficial.com
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