No mês do centenário de sua morte, em 18 de março de 1918
Há cem anos, no dia 18 de março de 1918, morria o compositor francês Claude Debussy (1862-1918). Ele exerceu em toda a plenitude a liberdade para buscar o novo – uma caminhada guiada, acima de tudo, pelo prazer da escuta.
É isso que torna sua obra uma das mais originais do século 20. Mesmo tendo vivido seu ciclo criativo entre as décadas de 1880 e 1910, época em que era praticamente impossível fugir da influência esmagadora e onipresente de Richard Wagner e sua obra de arte do futuro.
Debussy espantou todas as plateias com obras-primas originais, que não seguiam nenhuma cartilha conhecida.
Algo previsível para quem, ainda jovem e desconhecido, anunciava: “Não disponho de precedentes aos quais me remeter e me vejo obrigado a criar formas novas”.
A música do século 20 deve a Debussy a sua libertação das rígidas regras do passado. Foi ele que abriu as portas para novos e desconhecidos universos. A partir dele, elegeu-se o timbre como o parâmetro determinante da criação musical. O timbre é a marca sonora de cada instrumento.
Uma célebre tirada de Debussy – “É idiota pedir carteira de identidade e estado civil a um acorde” – deixava para trás o primado da harmonia.
As exóticas escalas pentatônicas são diferentes, agradáveis, originais? Por que não utilizá-las?
Os desenvolvimentos da forma-sonata são entediantes, chatos, previsíveis?
Ele nos convida a renunciar a essa e a outras formuladas calcificadas: “Não existem regras teóricas. Devemos escutar, simplesmente. Não existe outra regra a não ser o prazer”.
Não devemos tentar entender a música de Debussy: “O amor pela arte não se dá nem se explica”.
Críticos e músicos seus contemporâneos se desesperaram por não conseguir estabelecer uma evolução lógica na sua produção.
A sucessão cronológica ao longo de 40 anos traz obras-primas como o Prelúdio à sesta de um fauno, os três Noturnos, La Mer, a ópera Pélleas et Mélisande, os estudos e prelúdios para piano e seu único quarteto de cordas.
Ele já foi compositor do mês quatro anos atrás, aqui na Cultura FM. Por isso, esta segunda excursão pela sua música privilegia dois critérios fundamentais:
- Privilegiar as novas, mais recentes interpretações de sua obra, por meio das gravações realizadas em 2017 e 2018
- Trazer aos ouvintes performances exclusivas da Cultura FM, por grandes solistas, grupos camerísticos, orquestras e maestros europeus em concertos ao vivo, por intermédio do acervo da União das Rádios Europeias.
Assim, vamos ouvir como se interpreta hoje a maravilhosa obra de Debussy, a cem anos de distância de sua morte.
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